Tesouro


Ainda há tempo. Há sempre tempo e espera. E regalo na mansidão dos silêncios em que os diamantes brilham de dia como de noite sem se esperar que se façam jóias para além do que são. Duras rochas, carvão. É pois assim que me esperas, recatadamente como se não tivesses importância e o apelo que (me) cerca é saber-te disposta a mim como o molde aguarda o recheio, a minha mão no teu dorso, nas tuas riscas que quiçá, saltaram das mãos do meu destino. Ainda há tempo, tão pouco tempo para te amar. (até sempre)

Anedotas&funerais


Não, não estou mórbida. Dois textos seguidos sobre a senhora da foice apenas me fazem sentir ainda mais viva. Mas lembrei-me, a propósito de cerimónias fúnebres de humores que se desenrolam quer na sala do velório quer seja no acompanhamento à ultima morada. Muita gente se reencontra nestes oficios, gente que não se avistava desde o último enterro. Põem a escrita em dia, falam do clube do seu coração, comentam como a prima e o tio envelheceram, o estar mais gordo, mais magro, mais careca, mais rico, a boazona que sempre aparece, a última anedota sobre o nosso P.M., a crise, as doenças e por último a elegia ao defunto, muito boa pessoa, não merecía nada. (Mesmo que tenha sido um filho da p...)

Sem data marcada



Quase de rajada o obituário cumpriu-se. Quase de rajada fomos metralhados por uma dose tripla de viagens de uma só ida. Farrah, Michael e Pina. Claro que no mundo estas viagens sucederam-se no anonimato, mas como estes três nomes são conhecidos e marcam bem um tempo da minha vida, é natural que aqui os refira. A morte é um encontro sem data marcada para ninguém. Devería, já que o considero um momento intimo, pelo menos ter aviso aos (des)interessados. Sempre havería tempo para satisfazerem alguns gostos.