Riley Blues Boy

 


Gosto de o ouvir em qualquer altura, mas o meu momento de excelência vai para as sextas, fim de tarde, especialmente no Inverno quando a chuva cai com força e a semana terminou. Apetece escutá-lo com pouca luz, a saborear um bom tinto dos nossos e vaguear pela casa, espreitar os vidros molhados e deixar o som de Lucille transpirar pelos poros dos sentidos e questionar tudo. Blues. Sem explicação. Esta sexta-feira fiz silêncio, a minha consagração foi nada ouvir e recordar como se ainda conseguisse escutar os dedos a dedilhar o metálico a tirar sedosamente sensações do ventre. De pés nús electrifico-me na tua voz. E dobro-me em vénia.
 

Bergamota

 

 
Um dos meus cultos é a minha chávena de Orange Pekoe, um chá preto tingido a gotas de bergamota que lhe dá no inicio da degustação um travo ligeiramente amargo mas no final deixa um rasto doce. Ora a bergamota é da família das tangerinas, um fruto da minha predilecção, aliás como quase todos os cítricos, favoritismo que me tem levado à origem da minha acidez segundo alguns comentários de quem me vê deleitada, a apreciar o momento desta fantástica bebida. Diga-se que é coisa que não me incomoda e até me esboça um sorrisinho. Mas só um sorrisinho, mesmo. Talvez me preferissem ver perdida em álcoois e a dizer baboseiras para mais tarde, envergonhada, lastimar a bocarra mal-cheirosa. Lamento. O meu dizer é sentido e quando o faço é para deixar um leve perfume amargo. (Refiro-me, claro aos ignorantes).
 

Chocodroga

 



Gosto de mim. Muito. Gosto de chocolate. Viciadamente. Por essas duas razões e uma terceira, que foi aproveitar uma promoção num Spa, fui experimentar um banho relaxante de chocolate. Mas sinceramente, não sei bem que idéia - ou sei, porque no fundo sabemos sempre - é que eu fazia da coisa, mas aquilo foi uma tremenda de uma decepção! Saí de lá enjoadíssima e nos próximos tempos não quero nem pensar em chocolate ou bato em alguém! O odor quente que se respira envolve tudo e todos e torna-se difícil suportar, não restando a menor duvida que o chocolate é uma droga consentida. Vim para a rua meia apardalada, o cheiro enfiado nas narinas, e a 1ª coisa que fiz quando cheguei a casa foi tomar banho para ver se me livrava daquela coisa que me estava pegada ao corpo. Claro que não, não é?! Aquilo entra é no cérebro, e garanto que a experiência para mim, de relaxante deixou de o ser. Não recomendo, mas isto sou eu, que gosto de ser dona dos meus sentidos.