Volto já
Mesmo a acabar
Ser ou não ser, é Mesmo a questão
O fascinio da condição humana é encontrar-se a cada instante uma plasticidade maleável que lhe aviva a cor, o alcance, a transformação. Na verdade, não somos dotados de alguns mecanismos de defesa e encanto como certos animais mas, temos uma capacidade extraordinária de sobrevivência à dor, à maldade, à mentira e até acabamos por tirar proveito delas, sendo que nalguns casos, mistificamos a coisa, justificando-a (e a nós próprios), resultando rotulá-las de virtudes. Depois existem as outras, as genuínas virtudes e como bom artista que o homem é, maneja-as de adjectivação de quantidade, como se fosse possível ser muito honrado ou superlativamente sincero. Ou se é ou então melhor que não se seja mesmo.
Vaidade
Quem foi (que se acuse)
Personagens
Diabinhos
E depois?
O sono dos homens
Muitas vezes ouvi outras mulheres comentarem sobre o sono. O dos homens após. E o após é sempre referido num meio-tom, à meia-boca torcida da critica depreciativa, do despacho da tarefa da sua condição viril e voltar para o outro lado e dormirem descansados de a terem cumprido. Comentam-no num desconsolo de quem comeu e não gostou. Ou pior, de quem cheirou e nem sequer provou, porque parece que também elas vão para despachar serviço e há que apressar, acabar logo com a injecção, proferir uns sons na imitação da vida. Apetece-me dizer nesse entrementes que se usufruíssem do mesmo gozo talvez se virassem para o outro lado, pacificas, e o ícone da Bela Adormecida tería outros significados.
Liberdade
Porque não me apetece
Testamento
Conheci uma mulher que uma vez me pediu que quando morresse, se cuidasse para que fosse bonita. Não quería negro, prefería o vermelho. Que se tomasse atenção ao sorriso. Um arco leve e colorido afastando a palidez e as lágrimas dos que a veríam na derradeira vontade. Quando chegou esse tempo recordei o pedido e dei cumprimento ao seu apetite. Ía bonita. Levava no rosto uma serenidade que desvanecía por completo o desassossego que suportara na vida. Não lhe disse adeus, quem vai assim só podería ir a uma festa. Essa mulher era a minha Mãe.
Pequenos tudo
Frutos maduros
Da pílula da felicidade
Há algumas mulheres que a partir de certa altura das suas vidas se apagam. Desligam-se. Funde-se a lampada interior e progridem na vida numa penumbra de apalpadelas e tropeções. Queixam-se de ingratidão. Penso que da vida. Do facto de terem sido esquecidas por uma central eléctrica que as alumie em substituição do black out total que fizeram. Envelhecem cheias de olheiras das noites em que esperam e do choro quase silencioso e condenado de as deixarem a dormir sózinhas. Mas não se lembram que muita dessa escuridão foram elas que procuraram. Deixaram de achar graça ao riso, aos homens, ao serem bonitas. Sofrem continuadamente de uma enxaqueca da vida, perdendo-se em pharmácias quando afinal o comprimidinho da felicidade está algures, à solta, dentro dos bolsos de si mesmas.
Eu e as outras
Corset (Ou o principio da mente espartilhada)
Mas sei que a condicionante da mente ergue muros altissimos e a condenação parte exactamente do próprio eu que se empoeira e atacanha. Buscar não tem fronteiras, não há limite à imaginação, seja no prazer do corpo, seja na arte de escrever, seja no engenho da mentira que se prega. E mentira maior que negar-se o que se é... não conheço.
Guerra
Sem discussão
Moldes viciados
É curioso como a vida se desenrola num círculo. Lento e que gira, voltando a um ponto de confluência que se acha a certa altura ter perdido. Nada mais errado: regressamos aí vezes sem conta, chamamo-lhes destinos e coincidências. No fundo, fomos nós mesmos que fizémos para que isso acontecesse, dumas vezes intencional, doutras inconscientemente, mas porque temos vontade e ensejo para que suceda. Veja-se o exemplo deste blog. Nasceu porque eu vi outros e embora apreciando-os, não me completavam, precisava de um eu. Porque o eu é semelhante, mas nunca igual. Muito bem. Um dia alguém há-de passar por aqui e achar o que eu já achei, que lhe falta o seu eu. Conclusão: andamos à procura de nos encontrarmos. A semelhança não encaixa. Carece do nosso molde.
Nós, Nús, Noz
Ando
Caminho num ___________________________________________ fio invisivel.
Pé à frente do calcanhar, faço VV, galgo terreno, amachuco coxas na decisão dos glúteos arrebitados, joelhos definidos pela força fina das articulações que mobilizam músculos, olhos, ventre, mãos a compor, braços a enfeitar.
Ando assim.
Num passo de manequim, com estórias na cabeça, com beijos escondidos na boca, segredos que visto no corpo.
Ando assim.
Cá por dentro, tanto que corro.
Invenções
Do meu tamanho
Pele
Ex
Matar a sede
Garras
Olhos Que se Abrem
Demo post
A acompanhar um Orange Pekoe.