Vintage

 
 

 
 
Este rastilho que corre doido pelas bocas de todos a chamarem ao que está velho, gasto e pronto para ir para o lixo de vintage, dá-me vontade de rir. Tudo é vintage. Mesmo os maiores trastes made in China com aspecto envelhecido e esburacado desde que tenham cumprido meia-dúzia de anos de existência e de uso. Ora a designação original foi atribuível nada mais nada menos que ao vinho, ou seja, do francês vin mais age, idade, vinho com idade, maturidade. Depois alastrou-se a um conceito, deixando de ser exclusivo da idéia vinícola, passando a estar intimamente ligado aos Anos 20 do Séc. XX. E agora, tudo o que não seja a partir do Ano 2000, é rotulado de vintage. Resumindo: Eu sou vintage. (Haja paciência...
 
 

Corría o Ano de...

 
 


... 1867, quando numa gloriosa manhã de Outono, fria e ventosa, com alguma chuva irritante à mistura e duas horas de atraso, que a malta para chegar  no horário por mais que se desunhe não é capaz de cumprir, lá puxaram os panos e exibiram a estátua do Camões.(Imagino eu, naquele tempo devíam existir quatro estações e ninguém corría para nada e pessoa alguma morría de stress). Uma coisa descomunal, diga-se, mais de base do que propriamente de estátua, que esta em si nem 5 metros tem, mas vale-lhe o pedestal e o Poeta merece, que há até quem diga que à força de tanto escrever à luz do sebo, caiu-lhe um olho. Doença profissional, coisa de somenos na altura. Bom, a mim, hoje apeteceu-me isto: Efemérides. E uma chamada de atenção: Respeito. Respeito pela lingua de Camões. A ver se a têm. Por favor. (Estou a pedir com bons termos.)

Vá lá!

 


 
Então?! Agora é isto??? Saímos do bikini para a gabardine? Nem um cheirinho a Outono para nos irmos habituando gradualmente à frescura da manhã e final do dia, as horas mais curtas, as mãos frias, a cacimba, alguns nevoeiros? Acabei eu de adquirir um belissimo exemplar de pisantes de meia-estação, toda ufana para a estréia e não há condições que permitam pôr o pé em ramo verde, porque se não, lá se íam os maravilhosos e cobiçados (e carissímos, confesso) sapatos na 1ª saída, com as valentes cargas d'água que não param de caír. Assim não brinco, vá lá Oh S.Pedro, lá porque andas de chinéis não quer dizer que eu tenha de andar mal arranjada. Vai à pedicure e trata de comprar um par de sapatos em condições. Olha que até o Papa calçou Prada!