Com moderação


Vai que esta coisa do escrevinhar é velhaca e traiçoeira, redime-nos mas desvenda-nos. E vicia. Depois da primeira fome satisfeita dei comigo a altas horas da noite perdida num mar de letras e relido o serão, amachuquei tudo e deitei ao lixo. Acham que eu ía mesmo contar as minhas coisas? Isso tem cheiro de diário e eu não caio nessa esparrela. Ja vi muito bom escritor brincar aos escritores e vender as suas confissões como um best seller! Haja comedimento e recato.

Hoje voltou a apetecer-me


Um fastio farto antes de um apetite valente. É assim que estou e é assim que regresso. Tão cheia de força que até sou capaz de não fazer nada. É que há coisas assim: Tanta vontade que não se consegue. Mas também me fartei de não ter apetite e estas coisas - assim como as dietas a começarem no dia seguinte - têm o mal do adiar e esperar pelo melhor dia. Já descobri que o melhor dia não existe e lá me resolvi que era hoje, agora, já, sem muita cogitação ou considerandos que me levassem a elaborar um rascunho, passá-lo a limpo e revisão feita, lá o publicaría. O apetite aguça o apetite e se tal não se verificar, que reste o adoçado destas linhas para me enganar a mim própria. Ou um amargo de boca. Que sempre é melhor que não ter paladar.