Com moderação


Vai que esta coisa do escrevinhar é velhaca e traiçoeira, redime-nos mas desvenda-nos. E vicia. Depois da primeira fome satisfeita dei comigo a altas horas da noite perdida num mar de letras e relido o serão, amachuquei tudo e deitei ao lixo. Acham que eu ía mesmo contar as minhas coisas? Isso tem cheiro de diário e eu não caio nessa esparrela. Ja vi muito bom escritor brincar aos escritores e vender as suas confissões como um best seller! Haja comedimento e recato.

1 comentário:

Alberto Oliveira disse...

... temos um princípio de auto-censura?! (risos).

É extremamente fácil escrever sobre nós sem que o leitor dê por isso. Vê (lê) o exemplo deste diálogo:

- Olá! Aqui pelo "Hoje apetece-me"?
- É verdade. São daqueles apetecimentos...
- Não sabia que tu de vez em quando...
- Ora. Imaginavas-me então, todo o santo dia em casa sem vir à rua uma vez que fosse?
- Não quis dizer isso! É que ainda há pouco te vi passar no "Papel de Fantasia" e...
- Enganas-te. Não podia ser eu. Nessa altura estava a cortar o cabelo.
- Ia jurar que eras tu! Empertigado, cigarrinho nos dedos, riso trocista...

Como é que alguém pode a partir daqui, concluir que um dos dois dialogantes sou eu, quando de facto, não fumo, nem confundo os meus amigos ou conhecidos? E num texto a uma voz, então a imoderação e a falta de recato ainda é maior. A coisa é de tal modo que chego a pensar que na verdade não sou eu que escrevo, para não te falar daquela vez que escrevi um texto no feminino e quando o acabei, vim à rua beber um café, não acreditas que estava à procura num dos bolsos o baton para avivar os lábios?! Nem te digo mais nada sobre este tema, que ainda vais pensar que "o gajo é completamente chanfrado!". Não sou, mas ando lá perto. Que é como quem diz "de combóio é uma hora."

Beijos e sorrisos.