Liberdade, liberdade


Passaram dois dias e nem um pio. Um ai que saudades da luta de rua e das palavras de ordem e das manobras imaginativas à fuga de uma carga de porrada por ajuntamentos a três. Pois é, bastaram dois dias e já ninguém fala da celebração do dia da liberdade. Quanto muito queixam-se do calor nos pés e de uma moinha no ombro, os anos não perdoam e andar na manif de braço levantado, atiçado e punho erguido já não é para eles. E depois ninguém os pode condenar: este ano comemorou-se o dia em grande, uma grande afluência, uma grande vontade de gritar pelas liberdades que parecem andar arredadas deste nosso canto. Mas também ninguém lhes pode dizer: que calhou a um Domingo este feriado e no dia seguinte há que laborar, colaborar com os que anos atrás sanearam... É que esta coisa de Abril é como o provérbio de águas mil.

3 comentários:

Lídia Borges disse...

Uma imagem perfeitamente ajustada ao texto...
Quanto ao resto... Como saber as motivações de um camaleão sempre a mudar de cor, conforme o lugar que ocupa? Alguma coisa há-de ser.

segurademim disse...

... nem um pio???? tu é que não os ouviste!!!

na noite quente na praça central da cidade, no palanque, a autarca esganiçada e repetitiva

o foguetório começou, 1º seixal, 2º barreiro, 3º moita... e Ela sem se calar!! e o diabo do fogo de artifício que não saía;
"mas que raio é isto, este ano não há fogo?"

o pessoal impacientou-se estás a ver?
e foi uma assobiadela monumental

Alberto Oliveira disse...

abril é um cravo
gravado na minha memória
mas há mais flores que gravo
que também fazem história.

(... se a florista aqui próximo de mim lê isto, não me larga... )