Murais



De tanto vivermos e respirarmos num sitio, numa casa, num cómodo, as paredes tornam-se absorventes daquilo que somos, do que sentimos, do que envelhecemos. Decoram-se das nossas marcas de transpiração nas mãos quando o medo chega devagarinho, das lágrimas vertidas a coberto da noite, das costas, do rabo encostados quando a vertigem apanha a surpresa, da sola dos pés na medida do que crescemos entre cabeça e a outra parede no extremo exposto. São sinais de tempos invisíveis a olho nú, surgem quando se pára e se olha à volta o tamanho do nosso mundo. E encolhem essas paredes, esses murais pintados a anos a sentirem que nos protegem nas memórias que esquecemos de lembrar. Hoje apetece-me ler-lhe uma frase especial ___________________ Eu passei por aqui.

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