Estória (sobre uma porta)



Estória contada por mim enquanto vejo a portada recortada por mão hábil. Fotografo nos sentidos toda a vantagem que o tempo perdeu, não tenho pressa, vou levar a intuição ao extremo e muito provavelmente a sensibilidade de braço dado, ajuda-me a decalcar nas costas nuas o carinho da noite e ainda o que sobra pela madrugada. Tenho fome, quero saber tudo, quero sentir tudo, temo que esta seja a minha única chance de o fazer, mesmo sem saber quando irei e se algum dia voltarei, as minhas hipóteses poderão não ser iguais. Não arrisco. Hoje é dia de viver a plenos pulmões até ao tóxico. Deixo que amanhã outra vontade me envenene e talvez conte outra estória.

1 comentário:

Alberto Oliveira disse...

... gostei francamente deste texto.
Porque uma porta pode fazer toda a diferença num dia da vida de alguém que convive com as letras, sempre a entrar e a sair delas.
Já uma janela será problemática, sobretudo quando se reside num andar alto...