Do meu tamanho


Não sou grande.
Sou do tamanho que sinto em cada dia, todos os dias. Preciso de carinho, palavras bonitas, de açúcar, de colo, do meu pedaço de solidão, das minhas raivas despenteadas, de paredes pintadas na fúria do gesto com cores que me vazam o que sou naquele instante.
Preciso de ser mulher crua e seca, doutras vezes apaixonada em romantismos balzaquianos, tantas apenas um animal com fome de viver.
Mas a minha natureza já foi salva por actos pequenos. Tão liliputianos na sua dimensão, que uma simples estória ao deitar aconchegou de novo a essência ao corpo e eu encontrei-me na minha grandeza.

Sem comentários: